quarta-feira, 18 de abril de 2012

Historial do SC Mineiro Aljustrelense

O Sport Clube Mineiro Aljustrelense (SCMA) foi fundado no ano de 1933. A maior colectividade do Concelho de Aljustrel esteve desde sempre ligada à principal actividade económica da região, as minas. As oscilações na vida do clube, os momentos mais positivos e os menos positivos, coincidiram também com as oscilações no mercado mineiro.

Importa assim, num momento em que a exploração mineira atravessa uma fase pouco positiva, que o SCMA diversifique a sua base de apoio, mantendo, obviamente, a ligação histórica à mina, mas procurando simultaneamente reforçar ou criar novos apoios e parcerias (poder local, empresas, colectividades e pessoas a título individual) que se orgulhem de associar o seu nome ao “Projecto Mineiro” proposto pela presente direcção.

A actual direcção do mineiro, num misto de experiência e juventude, é composta por 70% de ex-atletas do clube. Os parâmetros de escolha que nortearam a formação desta equipa multidisciplinar foram: a competência, a vontade, o entusiasmo, a motivação e principalmente o gosto por assumir responsabilidades e desafios.

O SCMA conta hoje em dia com 750 sócios e perto de 300 atletas, distribuídos por 3 secções: Futebol (seniores, juniores, juvenis, iniciados, infantis e escolas), Hóquei em Patins (seniores, iniciados, infantis e escolas) e Patinagem Artística. Nestes números está patente a importância do SCMA como colectividade mobilizadora da comunidade, principalmente junto das crianças e jovens do nosso Concelho.

Importa referir que ao nível de infra-estruturas desportivas o concelho de Aljustrel se encontra no top nacional e muito bem classificado a nível europeu, tendo em conta a relação m2/habitante. Existem, portanto, em Aljustrel excelentes condições para a prática desportiva (estádio e campos de futebol, piscinas, ginásio, courts de ténis, etc.) pelo que o clube está agradecido à autarquia pelo esforço realizado na construção das referidas infra-estruturas e posterior cedência de utilização ao SCMA.

Foi nos finais da década de vinte que um grupo de jovens, após disputados torneios populares de futebol, resolveram unir esforços e fundar um clube, o Sport Mineiro. Porém, só no dia 25 de Maio de 1933, uma Comissão composta por Manuel Marques, José da Silva Carvalho, Gregório Féria, António José Capeta, Manuel Eugénio, Manuel Martins Guedelha, José Francisco Felício, Custódio José Capeta, José Chaveiro Soares, António Gomes, Álvaro Ramires, António Eugénio, Dionísio Maurício, Francisco Periquito, António Angelino Camacho, José Alberto, António Patrício, Joaquim Zacarias, Manuel Barão Bola, José António Gato, e António da Luz aprovam os primeiros Estatutos e tratam de todo o processo de legalização.

Não havendo instalações na altura, esta Comissão juntava no “Café do Espanhol”, onde depois foi a Mercearia do Sr. Eduardo Pinto, no Largo Dr. Brito Camacho, onde, perante dificuldades faziam entre si algumas colectas no sentido de poderem comprar bolas, botas e equipamentos.

Vencidas inicialmente algumas dessas dificuldades alvitrou-se então a escolha das cores representativas do clube, e assim, numa dessas noites, juntos, perante algumas opiniões divergentes, foi o Sr. Custódio Alhinho, quem, e depois de ter apanhado do chão um livro de papel de mortalha da altura que continha as cores, avançando com essa proposta, sendo que ainda hoje perduram essas mesmas cores, o azul, o branco e o vermelho.

Entretanto após vários esforços, conseguiu-se arranjar instalações exíguas onde passou a funcionar a primeira sede do clube, que se situava na Rua de Santo António, e aí se realizavam bailes, a qual, na altura, se chamava “A Cabanita”.

Foi a partir de 1938 que se verificou a transferência para o actual local onde ainda actualmente funciona a Sede do Clube. Assim começou uma nova fase na vida do clube e a consequente implantação da prática do futebol pelo que se realizaram vários jogos particulares.

Deu-se então a II Guerra Mundial, que originou uma paragem da actividade da Mina entre os anos de 40 e 46, e com isso, o Clube sofreu as consequências desse flagelo originando uma situação de quase desmoronamento. Finda a Guerra e após um período de acalmia, eis que de novo ressurge a vitalidade dentro do Clube e novas iniciativas se põem em marcha. Foi então que a partir de 1947/48 surgiu a oportunidade do Mineiro poder participar em provas oficiais. Para isso beneficiou, em parte, da fusão em Beja do Luso com o União criando-se assim o actual Desportivo de Beja, dado que foram dispensados, de ambas as equipas, alguns jogadores naturais de Aljustrel, que passaram então a alinhar pelo Mineiro. Na verdade, reforçado com esses elementos já com uma certa experiência e Campeão, o que lhe deu assim, a possibilidade de disputar a 2.ª Divisão Nacional, durante 2 épocas, numa das quais até conseguiu liderar a Zona Sul até à 5.º jornada. Na altura o Jornal “Mundo Desportivo” deu grande relevo a esse facto e honras de primeira página.

Podemos dizer que o futebol dessa época, em que as equipas jogavam em sistemas diferentes dos de hoje, três defesas para cinco avançados, imperava acima de tudo a força sem que a técnica primorasse, e era jogado em sistemas muito pouco variados.

Mesmo assim formou-se uma equipa razoável para as pretensões do Mineiro, que se bateram galhardamente durante o Campeonato Nacional da 2.ª Divisão. Naturalmente que as lacunas existentes – das mais variadas – falta de suplentes, fracas condições de trabalho, algumas lesões, etc., levaram então à inevitável descida de divisão. No entanto o puro amadorismo dos jogadores do Mineiro, briosos com inexcedível dedicação e amor à camisola, mesmo nas horas difíceis, souberam sempre, com hombridade, defender as cores do seu, NOSSO Clube.

Em 1950 aconteceu um facto dos mais relevantes na prática do futebol do nosso clube: o arranque do Futebol Juvenil. Aproveitou-se assim a implementação geográfica do campo de futebol, e uma vez que, estando inserido nos bairros mineiros, os filhos dos operários desfrutaram dessa oportunidade e deram assim os seus primeiros “pontapés”. Naturalmente que, com esses jovens, criou-se uma nova fase de trabalho, onde apareceram outras técnicas e outros sistemas de jogo. Alternava-se entre o ter e o não ter equipas jovens, e a existência desse trabalho culminou com a formação da melhor equipa de Juvenis na época de 70. Depois de vários êxitos em Campeonatos Distritais teve essa equipa de Juvenis a melhor participação no Campeonato Nacional, eliminando equipas de grande gabarito e chegando até às meias-finais onde acabou por ser eliminada pelo Sport Lisboa e Benfica.

Em certa medida, e em termos de conjunto, essa célebre equipa desmoronou-se motivada por vários aspectos, entre acidentes (alguns mortais) e ainda a saída de alguns jogadores para outros clubes de que em muito se ressentiu a equipa de seniores da altura. Para além de todas estas saídas de jogadores, houve muitos que preferiram ficar, não por não terem sido assediados mas, acabaram por ficar pelo orgulho que sentiam ao envergar a camisola do Mineiro.

Por todas estas situações, é prova evidente que o nosso Clube tem sido um autêntico “viveiro” de jogadores quantas vezes “pilares” de outras equipas. Por isso lembramos que, e ainda antes da saída deles, houve a grande equipa que no ano de 1976 conseguiu a melhor classificação de sempre, o 3.º lugar no Campeonato Nacional da 3.ª Divisão Série F.

Foi a partir de 1975 que os jovens deixaram de participar em provas oficiais, isto devido às poucas oportunidades que tinham quando tentavam ingressar na equipa sénior, uma vez que essa equipa sénior era extremamente competitiva e teve sete anos consecutivos a disputar a 3ª Divisão Nacional.

Mas, foi a partir de 1982 que foram relançadas de novo, as equipas jovens no clube, o que se espera, e se luta, para que continuem a trabalhar com vista ao fomento da modalidade no clube. Para isso há que ter em conta que é dos jovens que depende o futuro do nosso Clube, e o amanhã só será uma realidade se a nossa aposta e a nossa realidade for, em todas as circunstâncias, na iniciação e formação dos jovens à prática do desporto rei.

O aparecimento do hóquei patinado em Aljustrel remonta aos princípios dos anos 50, numa época em que a modalidade não estava muito desenvolvida. Nessa altura e beneficiando da existência de um ringue com boas condições, o nosso Clube adquiriu patins de recreio, que alugava, procurando incentivar os garotos à iniciação da patinagem aproveitando o entusiasmo de grande número deles.

Porém, nessa época, já havia equipas a praticar o Hóquei em Patins! Foram disputados vários jogos com algumas equipas, das quais recordamos, o Pax-Júlia e o Ateneu Comercial de Beja, frente à equipa do Colégio Filipa de Vilhena a Ass. Acad. Aljustrelense que integrava nomes como o de Armindo Peneque, José Pardal, Carlos Elvas, Edmundo Silva, Pestana, José Maria e outros o que deu grande incremento e relevo à modalidade, criando uma onda de interesse entre os aljustrelenses.

Houve ainda oportunidade, nessa época, de se assistir, em demonstração da modalidade, a grandes jogos de hóquei em Patins, entre equipas como a CUF e o Estremoz, que na altura formavam grandes conjuntos.

Na verdade e depois do desaparecimento do ringue, o entusiasmo criado à volta da patinagem veio a desmoronar-se e acabou mesmo por cair no esquecimento.

A partir de 1973, nova onda de entusiasmo, e com a construção de um novo ringue no Torito (de medidas reduzidas) iniciou-se uma nova faceta, a prática do Hóquei em Patins.

Apareceu assim a possibilidade de trabalho de iniciação à prática da modalidade com miúdos de idades compreendidas entre os cinco e os dez anos, numa tarefa e num movimento que viria a culminar com a criação da Secção de Patinagem do nosso Clube, onde com ardor e dedicação do seu iniciador e incentivador, Armindo Peneque, se propôs e empenhou nos ensinamentos da miudagem à prática do Hóquei em Patins.

Não foi trabalho fácil, todavia bem se pode orgulhar o nosso clube, de todo o seu esforço no fomento da patinagem no nosso Concelho, numa obra que iniciou, e atendendo aos poucos apoios recebidos, foi obtida uma consequente implantação da modalidade numa região que, ainda hoje, continua no esquecimento.

Para além das dificuldades encontradas, desde a iniciação da Patinagem em Aljustrel, o nosso Clube mantém a Secção de Patinagem, onde no Hóquei em Patins, com cerca de cinquenta praticantes, tem conseguido resultados de relevo o que, para além de vários títulos regionais, na época transacta chegou com todo o mérito à final do Campeonato Nacional na categoria de Juniores arrecadando assim o titulo de vice campeão nacional.

No entanto há ainda que contar com a Patinagem Artística, esta recentemente criada, que conta com uma centena de praticantes, entre rapazes e raparigas numa prova que a patinagem despertou um entusiasmo entre a juventude que cresce mais ano após ano.

Hoje, na verdade, com a utilização do novo ringue do Parque Desportivo Municipal, as condições de trabalho melhoraram, e cabe aqui realçar o estimulo que sentimos por parte da Comissão do Parque e ainda das facilidades concedidas pela Câmara Municipal que muito têm contribuído para que em Aljustrel a patinagem continue a ser uma realidade.

Iniciámos assim esta época com a presença, pela primeira vez, de uma equipa de seniores no Campeonato Nacional da II Divisão e o mesmo será dizer tratar-se do fruto de um trabalho de há já alguns anos atrás com todos estes jovens, culminando hoje com esta equipa que tão bons resultados tem conseguido na defesa das cores do nosso Mineiro.

Para além desta participação dos seniores devemos ainda salientar as presenças das nossas equipas de Iniciados e Juvenis nos respectivos Campeonatos Nacionais, demonstrando assim todo o nosso trabalho, que em muito tem contribuído para que o Hóquei em Patins continue a ser a modalidade de projecção dentro do nosso clube.

Podemos portanto dizer que hoje será difícil que a patinagem em Aljustrel, e concretamente dentro do nosso clube, venha a passar por um período de esquecimento igual aquele registado entre meados dos anos 50 até 1973. Na verdade julgamos que, da semente lançada desde então, os alicerces foram conseguidos e estamos certos que da obra realizada a continuidade é um facto.

Nesse sentido iremos incentivar as escolas de patinagem com vista à criação de novos atletas, e aqui – registe-se – recebemos já a ajuda da Direcção Geral dos Desportos (Delegação de Beja) através da sua Delegada que nos fez a oferta de alguns pares de patins como a poio ao nosso objectivo.

Temos assim a constatação de um facto importante que, para além de todas as dificuldades, o Mineiro continua com o seu trabalho na movimentação dos jovens à prática da patinagem, procurando dar-lhes as condições necessárias ao aproveitamento dos tempos livres, contribuindo para que, no futuro, a patinagem, em todas as suas disciplinas e escalões, seja a realidade a que nos propusemos e que todos os adeptos desejam e anseiam.

Têm sido 50 anos de dedicação a uma causa, em que, sucessivamente, ao longo dos tempos, vencendo dificuldades – as mais variadas – centenas de homens têm lutado pelo desporto, que praticando-o, quer apoiando-o no campo e na secretaria com carinho, com entusiasmo, com amor à camisola do Mineiro.

Diversas modalidades, centenas de jovens, colhendo os benefícios da actividade desportiva, numa vivência sadia, que juntando os homens, os leva ao convívio, à camaradagem, à união.

Foram muitos os campeonatos e taças que temos disputado neste meio século - muitas e vitórias e algumas derrotas, inúmeros praticantes que com talento, dedicação e coragem têm elevado o nome do Clube, e que a sua história sempre irá enaltecer.

Para além do Basquetebol e do Andebol, do Tito e do Atletismo, tem sido o Futebol o expoente máximo da nossa actividade - quantos dias de glória e outros tantos de sofrimento, quantas tarde de júbilo e outras de tristezas, mas sempre em frente!

Nos últimos anos tem sido no Hóquei em Patins que o Sport Mineiro tem brilhado a grande altura – imensos êxitos acumulados com coragem, talento e determinação e sempre com “amor à camisola”.

Entre a salvaguarda do prestígio, as disponibilidades do Clube e as realidades da vida do dia a dia, estará a solução de compromisso que teremos de tomar.

Com trabalho, esperança e com amigos – ontem as Mines d’Aljustrel, hoje as Pirites Alentejanas e a Câmara Municipal e, talvez amanhã, as entidades oficiais ligadas ao desporto – vamos continuar ruma ao futuro, com coragem, determinação e sempre com amor à camisola do Mineiro aljustrelense.

Piense 2010/2011