domingo, 29 de novembro de 2020

Covid-19: Na Associação de Futebol de Beja “não mata” mas desclassifica.


Na Associação de Futebol de Beja (AFBeja) a pandemia de covid-19 não provocou mortes, mas esteve na origem da desclassificação e descida de divisão de três clubes, Odemirense, Praia de Milfontes e Aldenovense, que disputavam o Campeonato Distrital de 1ª Divisão.

Além das graves punições, os três emblemas sofreram multas de 150 euros, por cada um dos jogos em que lhe foi averbada falta de comparência.

Reza o regulamento de provas associativo, que será eliminado e desce de divisão, o clube que não comparece a dois jogos consecutivos ou a três alternados.

Os clubes opunham-se ao começo da competição e defendiam que a AFBeja deveria adiar no tempo a realização da prova, em função da convicção do que consideravam ser “o início precoce das competições amadoras, dado o panorama da pandemia a nível nacional”.

Quem sempre se opôs e considerou estarem reunidas as condições para a disputa da prova foi a direção da AFBeja, presidida por Pedro Xavier (na foto com a presidente do Odemirense), que sempre se recusou a adiar o início da competição, aceitando em última análise, o adiamento de jogos, desde que houvesse comum acordo entre os clubes envolvidos nas partidas.

Fazendo justiça ao refrão popular, “o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”, aplica-se com toda a propriedade à prova máxima associativa, apelidada como “Distritalão”. Dos 14 clubes previstos no regulamento para disputar a prova, somente 13 assumiram essa responsabilidade, o que faz que todas as jornadas exista uma equipa que, de forma forçada, descansa. Depois surgiu o movimento, apelidado de “Revolta dos Seis”, onde além dos três desclassificados, estavam o União Serpense, Despertar de Beja e Guadiana de Mértola, que defendiam o adiamento do início da competição.

Ainda antes do início da prova a equipa de Serpa saiu do movimento. A 18 de outubro, com a disputa da 1ª jornada, o clube bejense “foi a jogo”, enquanto que os mertolenses não compareceram no seu recinto, mas a partir daí iniciaram a competição, tendo “sobrado” Odemirense, Praia de Milfontes e Aldenovense que se mantiveram irredutíveis.

O primeiro clube a ser desclassificado, em 26 de outubro, foi o Aldenovense por ter cometido duas faltas de comparência consecutivas. Na passada quarta-feira foi a vez do Conselho de Disciplina da AFBeja aplicar a mesma pena ao Praia de Milfontes e Odemirense. O primeiro por também faltado a dois jogos e o segundo por ter dado três faltas interpoladas.

Na segunda jornada o Odemirense ainda compareceu no jogo em Serpa, frente ao União, mas com sete jogadores e dois minutos depois do início ficou reduzido a seis unidades por lesão de um jogador. Perdeu o jogo e a multa foi maior, 250 euros.

Na sua página de facebook a direção do clube de Odemira, presidido por Inês Correia, já comunicou aos sócios o castigo sofrido justificando que “continuamos a achar que deveria ter existido outra abordagem sobre a opinião e vontade de todos e não só daqueles que queriam jogar”, garantindo aos associados que vão continuar a trabalhar, deixo no ar a interrogação: “e para a próxima época veremos o nosso futuro quanto ao escalão sénior”.

A competição está longe da verdade desportiva e alguns clubes já se vão questionando se vale a pena continuar com este cenário, quando a maior parte das jornadas só têm 3 dos 7 jogos que se deveriam realizar.

Teixeira Correia

(jornalista)

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