terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Em nome da reestruturação do futebol: A 3.ª Divisão tem fim à vista


Um novo modelo de organização para o futebol amador está em discussão nos organismos associativos nacionais. Inclui o fim da 3.ª Divisão Nacional, o incremento do futsal e a reestruturação da Taça de Portugal.

A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) está a discutir com as 22 associações regionais da modalidade uma proposta de ampla reestruturação de vários setores, técnicos, competitivos e de logística, em que a maior novidade será a extinção do atual Campeonato Nacional da 3.ª Divisão e a reformulação da 2.ª Divisão que terá nova designação e outro enquadramento.

O quadro competitivo, a partir da época 2013/14, terá apenas provas distritais e uma competição única com séries de âmbito regional, cuja nomenclatura ainda não se conhece. A temporada 2012/13 será de transição para o novo figurino e a última em que se disputa o campeonato onde atualmente pontificam o Despertar e o Aljustrelense.

José Luís Ramalho, presidente da Associação de Futebol de Beja, explicou este complexo processo: A medida de maior impacto será a extinção da 3.ª Divisão Nacional. Como as associações vinham pedindo a reestruturação dos campeonatos nacionais e distritais, a FPF apresentou uma proposta em que a época 2012/2013 será de transição e a partir de 2013 já não existirá 3.ª divisão, mantendo-se apenas a segunda.

O dirigente revelou ainda que a proposta da FPF, neste momento, já não é única, porque já surgiram mais duas, uma segunda da AFCoimbra e outra da AFAveiro: Nós estamos a analisar as várias propostas, sabendo que o documento da federação vai mais ao encontro daquilo que eram as expectativas de algumas associações, na medida em que as séries serão formadas atendendo à proximidade das equipas. E Ramalho acentuou ainda: Uma das lutas das associações é que a subida de divisão não dependa de um jogo ou dois, porque, às vezes, um clube aposta, faz um campeonato fantástico e depois, nas últimas jornadas, tem um azar e deita tudo a perder. E prosseguiu: Esta será a solução que iremos apoiar, sabendo que as promoções não serão decididas apenas num jogo em campo neutro mas, por exemplo, em duas mãos no campo dos respetivos intervenientes.

O novo modelo preconiza que na época de transição os clubes que se mantiverem na 3.ª Divisão passam automaticamente à segunda e os que descerem passam para os distritais. O campeão de cada uma das associações, no futuro, subirá sempre à 2.ª Divisão. Ramalho revelou ainda que numa primeira fase, e para atenuar o impacto financeiro, os clubes pagarão as inscrições num valor semelhante ao que pagam atualmente nos distritais. Outra das coisas que se conseguiu foi que um clube que seja campeão distrital e não queira subir não será penalizado, sendo que a associação indicará outro representante, garantindo sempre uma equipa na 2.ª Divisão. Tudo leva a crer que apareçam outras propostas, nós já fizemos sentir junto da FPF que gostávamos do modelo apresentado, mas reservamos ainda a nossa posição, porque pode surgir outra proposta melhor e até ao final da semana decidiremos, concluiu o presidente da AFBeja.

Mariano Baião – (Despertar Sporting Clube)
Não sei se será positivo, teremos que ver a forma como o campeonato da 2.ª Divisão será disputado, concretamente a série onde as equipas do distrito de Beja ficarão inseridas. Se forem mais de seis, se calhar, haverá redução nas deslocações, mas para reduzir as despesas dos clubes não é por aí que se vai. Foi uma surpresa grande para mim ver que nos fica mais barato ir jogar ao Algarve ou à zona de Lisboa do que em casa. Pagamos a exorbitância de 605 euros para a equipa de arbitragem, mais 140 para policiamento, quando temos 30 ou 40 pessoas no campo. As remodelações são sempre um pau de dois bicos, facilita-se aqui mas dificulta-se ali e se a taxa de arbitragem aumentar não vamos beneficiar de nada com o novo modelo e ainda teremos mais despesas.

Vasco Santana – (SCMAljustrelense)
Esta reestruturação teria que partir por uma melhor repartição dos benefícios, direitos e deveres por todos os clubes. Os clubes amadores deveriam ser discriminados positivamente. Toda a estrutura do futebol profissional é concebida sem ter em conta uma realidade de profundo desinvestimento nos campeonatos amadores. O problema deveria ser colocado de forma inversa. Após uma reestruturação financeira é que se poderia concluir se deveria existir uma redução de equipas. A FPF deveria equacionar a redução das taxas de jogo e de inscrição de jogadores numa altura tão delicada. Deveria existir uma forma de apoiar mais as equipas amadoras que têm como principal objetivo formar jogadores e permitir a prática do futebol. Manteremos sempre a ambição de alcançar as melhores classificações e de participar nos campeonatos nacionais.

Morais na AFBeja
Arlindo Morais é o novo coordenador do gabinete técnico da Associação de Futebol de Beja, adiantou o presidente José Luís Ramalho. Num primeiro momento Morais ficará até junho, depois haverá um concurso nacional para preencher o lugar, mas esta nomeação foi apenas para dar já resposta às competições que se aproximam, porque em março vamos receber um torneio nacional de futsal sub/20, teremos também um torneio de futebol feminino sub/17, em que participaremos com a nossa seleção distrital, e vamos preparar o Torneio Lopes da Silva, que este ano será em Ponta Delgada, adiantou o responsável. Recorde-se que uma das medidas do novo executivo da FPF foi assegurar o pagamento dos coordenadores técnicos distritais.

Texto e foto Firmino Paixão