segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Muito mais do que um clube em Cabeça Gorda


Ferróbico disputa nesta época a 2.ª Divisão Distrital de Beja e já conquistou a Taça de Honra.

Quando a "malta da bola" fala do Clube Recreativo e Desportivo de Cabeça Gorda, concelho de Beja, três nomes são de imediato associados: "Ferróbico, Chaparro e Penafiel". Quando a agremiação jogava nas competições da FNAT, atual INATEL, sofria grandes cabazadas (goleadas), mas marcava um golo, e na aldeia havia sempre alguém que dizia: "ferrámos o bico (marcámos um golo)". Daí, ao clube ficar conhecido como o "Ferróbico" foi um ápice.

O campo de jogos tem o nome do agricultor e grande amigo do clube, José Agostinho de Matos, que, além das instalações para a sede, ofereceu o terreno para o campo de jogos, mas com uma condição: nunca arrancar o chaparro que existia no local. E, passados 40 anos da agremiação, lá está o chaparro altaneiro.

O triângulo é fechado pelo nome do F. C. Penafiel, então primodivisionário, treinado por António Oliveira, que, em 4 de janeiro de 1981, foi eliminado da Taça de Portugal pelo Cabeça Gorda, com António Dionísio como treinador.

Os 1600 habitantes da terra vivem o clube com muita paixão e o Ferróbico faz parte do seu dia-a-dia O clube disputa nesta temporada o distrital de Beja da 2.ª Divisão e já ganhou a Taça de Honra. O atual presidente, também jogador, Sérgio Jacinto, é filho do primeiro presidente, popularizado como o "Cascalheira", que liderou o clube durante 17 anos. Por seu turno, o treinador é filho do guarda-redes, Luís Prazeres, que eliminou o Penafiel.

"O momento do clube não era o melhor, vivendo problemas financeiros, e senti que deveria dar o meu contributo. Se fico 17 anos como o meu pai? Comecei agora", sustenta Serginho, como é conhecido. "O plantel é composto por jogadores da terra. Há jovens até aos 20 anos e depois alguns mais velhos, mas com muitos anos de clube", justifica.

Além do subsídio anual da autarquia, a ajuda da Junta de Freguesia local e ofertas de alguns sócios mais "abonados", os bailes na sede do clube e as rifas são o suporte económico. Ideia brilhante teve em 2008, o presidente de então, José Carlos Dias, que decidiu vender em pequenas bilhas de barro, o terródromo (a terra) do campo que ia receber o relvado sintético, construído pela Câmara de Beja. "Se o Real Madrid, o Benfica e o Sporting, vendem a relva, porque não havemos de vender a terra do campo José Agostinho de Matos". E se bem o pensou e disse, melhor o fez.

Natural de Cabeça Gorda, Vítor Picado, vice-presidente da Câmara de Beja, também já foi presidente da Direção do Ferróbico. Este ano o objetivo do clube não foge à regra: subir ao escalão maior da Associação de Futebol de Beja. Jogados dez jogos, oito da taça e dois do campeonato, o Ferróbico conseguiu... dez vitórias. "Já ganhámos a Taça de Honra, queremos subir à 1.ª Divisão", sustenta o também jogador, que, pelo facto de ser o presidente, não tem lugar cativo como titular. "O treinador é que manda", graceja.

A figura
À beira de completar 42 anos, José Luís Prazeres está na terceira temporada como treinador, depois de ter liderado o Salvadense e o Desportivo de Beja. Vinte anos depois está de regresso ao Ferróbico, agora como treinador, onde há duas semanas conseguiu o primeiro título. Como jogador, foi também no Cabeça Gorda que se sagrou campeão distrital e daí saiu para o Salgueiros. "É um regresso a um clube onde me tornei homem", diz, orgulhoso.

Passe curto
Fundação: 25/03/1976
Local de jogos: Campo de Jogos José Agostinho de Matos
Sócios: 500 Equipamento: Camisola e calção verdes e meias brancas
Palmarés: Campeão Distrital da 1ª Divisão da A.F.Beja (1979/80 e 1995/96), Campeão da 2ª Divisão da A.F.Beja (2009/10), Vencedor da Taça da A.F.Beja (2011/12) e Vencedor da Taça de Honra da 2ª Divisão da A.F.Beja (2011/12) Outras modalidades: BTT, cicloturismo, columbofilia e dança.

Passe longo 
Não é só no futebol que o nome do Ferróbico é conhecido. Também nas duas rodas o clube é uma agremiação de referência, destacando a secção de BTT e cicloturismo. Em finais de maio, meio milhar de praticantes oriundos de todo o país rumam a Cabeça Gorda para um raid de BTT. Lá estão sempre Vítor Gamito, ex-ciclista profissional, e os irmãos Rosado, cantores do duo Anjos.

Informação retirada daqui